sábado, 27 de fevereiro de 2010

A feira de artesanato

Fizemos nossa primeira visita à feira de artesanato de Maputo. Se eu e Gabriel juntos já chamávamos bastante atenção, ter Orlando e Zach, um americano de dois metros de altura, com a gente foi como ser uma ímã gigante de ferro velho para os vendedores locais.

Loco que chegamos, pedimos uma informação simples sobre como ir ao terminal de ônibus para comprar passagem. Um homem nos deu as direções e outro resolveu nos levar até lá. Já imaginei que queria dinheiro, então tentamos fazer de tudo para dispensá-lo. Foi em vão. Levamos três minutos para chegar e mais dez, no mínimo, para convencê-lo de que não tínhamos nada para dar.

Já dava para prever o que vinha pela frente, até porque duas outras voluntárias haviam voltado no último sábado revoltadas por terem sido tão perseguidas na feira pelos vendedores.

Eu tinha a esperança de que seria como andar pela feira da Benedito Calixto ou qualquer outra feira de artesanatos que temos no Brasil. Mesmo se tivesse sido como andar pelas ruas da 25 de março seria melhor. Ao invés disso, não podíamos nos aproximar de “barraca” alguma (entre aspas porque os artefatos eram expostos sobre um pano no chão) que já vinha alguém dizer que tinha preço bom, que era preço de banana e faria até uma oferta especial. Balela. Sempre jogavam os preços lá em cima porque estes eram indiretamente proporcionais à quantidade de melanina determinando a cor de nossa pele.

Não negociamos tanto porque era trabalhoso demais e não queríamos comprar nada de qualquer jeito. Mas vimos preços irem de 350 meticais a 200, de 300 a 100 e, quando Zach e Orlando compraram algo, a oferta inicial foi de 750 meticais, sendo que o produto acabou saindo por 150.

A pior parte, de longe, era ter sempre alguém nos seguindo a todo momento. E era olhar duas vezes para o produto oferecido que interpretavam isso como uma abertura a negociação. Até mesmo na hora de pedir a carona de volta para casa, um taxista quis oferecer os serviços – por um preço ultrainflacionado, obviamente.

Perseguições à parte, vimos muitos artesanatos lindos. Capulanas, bolsas de capulanas, colares coloridos, máscaras de madeira, muitas coisas entalhada em madeira. O único presente que ficou decidido, embora ainda não tenha sido comprado, foi duas girafas entalhadas que se enrolavam pelo pescoço. Vai para o meu primo, o mais empolgado com minha vinda para Moçambique pelo único motivo de que vou ver animais selvagens. Até agora só avistei alguns antílopes na beira da estrada vindo de Johanesburgo para cá, mas Bilibiza nos reserva grandes surpresas pelo que ouvi falar.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Os dias em Machava/Maputo Parte II

Mais figuras mesmo eram Bobo, apelido de Bogtan, e Alin, dois romenos que ficaram no Niassa e foram embora terça. Para dar uma idéia, fiquei até com vontade de ir para a Romênia, que antes só era a terra de Conde Drácula para mim. Alin tinha uma história hilária sobre quando resolveu provar o chá de uma “erva mágica” venenosa sem saber a dose certa a se tomar.

Vou mandar o Gabriel colocar o vídeo depois, de preferência legendado. Mas só para ter noção, o cara chegou em casa e quis limpar o quarto: tirou as roupas do armário e espalhou pelos cantos. Depois foi limpar o banheiro: pegava papel higiênico, molhava na água da privada e colocava numa pilha num canto. Viu as listras de sua camisa se transformarem em minhocas e depois pegou as bolinhas do azulejo do chão e pôs na camisa, no lugar das listras da minhoca, claro.

Alin quer vir para o Brasil no Carnaval. Já falei que com o português dele, ele vai balançar fácil as garotas brasileiras. O gosto musical pode melhorar, já que ele ouve Leonardo e Wanessa Camargo, por influência dos moçambicanos que adoram nossas músicas românticas.

As músicas românticas dividem o sucesso com as novelas. Muitas novelas brasileiras, o tempo todo. Uma mulher no restaurantezinho que comemos aqui perto me perguntou por que nosso português era diferente do que o povo nas novelas fala. Quando expliquei que era por causa da região, ela respondeu “Ah, eu não pisco nada mesmo!”.

Nesse restaurantezinho tem sempre alguém segurando Sidney (acho que escreve assim), um bebê gordo lindo de cinco meses. As mulheres de lá até determinaram que ele seria meu segundo namorado, já que sempre vou com o Gabriel por lá. O povo aqui é incrivelmente acolhedor, acho que mais que o brasileiro até. E isso que me faz sentir extremamente mais feliz de estar aqui do que quando estava nos Estados Unidos.

Os dias em Machava/Maputo Parte I

Nosso quinto dia em Maputo se passou, então achei que era hora de escrever de novo. Estamos presos aqui por algum tempo, já que na saída bagunçada do ônibus em Maputo acreditamos que alguém tenha furtado o passaporte do Gabriel. Fomos à embaixada brasileira na segunda e nesta quarta já temos um novo passaporte em mãos. O próximo passo para podermos sair daqui é resolver a questão do visto do Gabriel e o transporte à Bilibiza.

Quando estávamos nos EUA, prometeram que iríamos de avião à Pemba, a cidade grande mais próxima da isolada Bilibiza. Ao chegar aqui tivemos a intragável notícia de que teríamos que pegar um ônibus, fazendo uma viagem de provavelmente mais de uma semana, porque o orçamento de 6,500 meticais (moeda moçambicana) não seria suficiente para bancar uma passagem aérea. Durante esses dias presos aqui, pudemos pesquisar os preços e encontramos passagens por 5,100 meticais, incluindo taxas. Ou seja, tudo indica que vai rolar.

Enquanto isso, vamos matando o tempo por aqui. Já fomos a cinema, que claro só passa uns filmes bem antigos, e a buteco, comemos pizza e já até encontramos lugar que vende feijoada – só não sei se é igual à brasileira. O Gabriel jogou futebol com os meninos da comunidade. Eles corriam, corriam, esqueciam da bola e justificavam falando que era estilo inglês de futebol. Aliás, os meninos tinham até camiseta oficial do Manchester.
Superficialidades à parte, só de andar um pouco em Maputo, a capital do país, já dá pra ter um pouco de noção de quão subdesenvolvido é o lugar. Tem favelas espalhadas por todo o canto, calçadas destruídas na área nobre da cidade e o transporte público mais usado é a chapa, uma mini-van que sai entupida de gente que paga cerca de 7 meticais (cerca de USD 0,25) por uma carona.

Com isso, eu e Gabriel (e outros voluntários vivendo aqui em Machava) usamos muita boleia (ou carona) para chegar à cidade. Pode parecer loucura em primeiro momento, mas nas duas vezes que fizemos isso nos deixaram bem em frente à Embaixada Brasileira e os motoristas eram: 1- Policial; e 2- Coronel.

O Coronel Alex morou na Alemanha, no Zimbábue, em Cuba e falava russo, francês, inglês, espanhol, português e mais quatro idiomas locais africanos, não necessariamente da região de onde ele vinha, como o swahili. Muito mais rodado do que a gente. Ele disse para falarmos que conhecemos o Coronel Alex na Embaixada que isso vai ajudar sempre. Quem sou eu para discordar? Obedeço.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Chegada a Maputo

Foram cerca de dez horas interessantes para se dizer o mínimo de ônibus até Maputo.

Na rodoviária, logo percebemos que ser branco e com cara de turista (porque pelo menos na África do Sul tem bastante local com cara de europeu) atrai pessoas pedindo dinheiro. E nós dois com aquele monte de mala de quem vai morar seis meses fora não podíamos nem responder “Não tenho nada”.

A emoção reservada para as primeiras horas ficou só com uma manada de uns antílopes diferentes que agora não sei dizer de qual espécie e dois camelos (que num primeiro momento achei que fossem girafas por causa do pescoço longo). Até que o ônibus parou quando achamos cedo demais para ser a única parada da viagem toda. Não era. Foi uma parada forçada na verdade pela correia do motor que aparentemente se quebrou. Ou seja, teríamos que ser resgatados porque não tinha como continuar a viagem.

Mais ou menos uma hora mais tarde, apareceu um ônibus branco que ia para Maputo também. Embarcamos novamente e voltamos a nos concentrar na paisagem que passava mostrando as cidades pequenas, mas sempre bonitas e bem arrumadinhas daquele pedaço do país. Não ser se chegava a ser uma área rica, mas sei que vimos até uma Ferrari.

A surpresa do meio do caminho foi o show que estava passando na televisão do ônibus. Nada mais nada menos que nosso ídolo Fábio Jr. Sim, nem na África ele dá sussego.

Uma parada e três horas mais tarde, chegamos à fronteira da África do Sul com Moçambique. Bagunça. Do lado sul-africano algumas pessoas ofereciam meticais (moeda de Moçambique), mas não se comparava nem um pouco ao que encontramos do lado moçambicano. Muita gente estava ali vendendo cartões telefônicos, dólares, documentos. E ninguém sabia direito onde tinha que ir. E os dois brancos com cara de turista, pra variar, éramos ímãs ambulantes.

Uma hora mais tarde, conseguimos marcar nossa saída da África do Sul, nossa entrada em Moçambique e encontramos nosso ônibus do outro lado da fronteira já. Próxima parada foi só em Maputo, onde três taxistas se atracavam na saída do ônibus para conseguir clientes. Os três brigaram por nós dois, discutiam, se xingavam. No fim, pagamos dez dólares para um deles e viemos até a sede da ADPP (Ajuda de Povo para Povo – Humana People to People, em português).

Encontramos Danilo e Zé, como de esperado, além de Gleice e Diana, que na nossa cabeça estavam em Angola. Acontece que as duas não conseguiram o visto de trabalho e após três meses tiveram que deixar o país e vir a Moçambique terminar o programa aqui.

Aqui está muito mais quente que em Joanesburgo, tem mais mosquitos, mas tem internet, eletricidade e chuveiro quente. Cada um compra a sua comida, o que vai fazer a gente gastar mais agora no começo até conseguirmos ir a Cabo Delgado. Estamos conversando com o responsável aqui sobre ir de avião – querem mandar a gente de ônibus, mas não vamos deixar já que seria mais de uma semana até chegar.

A boa notícia é que tem internet em Bilibiza!!! Mas o uso da internet é condicionado ao funcionamento da eletricidade, então não é toda hora que teremos acesso. Temos macacos em volta da casa e um romeno que passou uma semana por lá disse que contou 22 elefantes um dia. Vejo se consigo postar as fotos dele outra hora.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Finalmente África (Parte II)

Emmanuel era um loiro alto de olhos azuis e cabelos espetados, totalmente diferente de todos os outros motoristas (negros) esperando seus passageiros no saguão. O African Centre Lodge, nosso hotel, o contratou para ficar no aeroporto, em busca de turistas perdidos que estão normalmente esperando um dia ou dois para pegar seu próximo vôo – ou ônibus, no nosso caso. Pra mim, a escolha de manter uma pessoa com estereótipo tão europeu só pode ser explicada pelo possível racismo de um estrangeiro.

Até agora fico impressionada como não há mistura de raças por aqui. No Brasil estamos acostumados com toda a miscigenação, com os inúmeros tons de pele, formatos de olhos e de nariz. Passeando pelo shopping hoje à tarde, pude perceber como é difícil ver brancos trabalhando como vendedores, garçons, seguranças. E como brancos e negros dificilmente andam juntos. Resquícios e conseqüências, na minha humilde e amadora opinião, da política do Apartheid.

Dá até pra se sentir mal por ser branco aqui – e isso mostra como o nível do racismo no Brasil é quase imperceptível, mas isso são outros quinhentos. Cheguei a questionar se não tratavam a gente tão bem o tempo todo por causa da nossa cor.

Entre os negros e os brancos, tem bastante indiano, o que influencia bastante na comida pelo menos dessa região. Dois recepcionistas do hotel, por exemplo, são de lá. E por sugestão de um deles, nossa janta foi à base de um curry que me lembrou dos melhores restaurantes de comida indiana em São Paulo, incluindo o preço elevado.

Se o hotel tem a facilidade de estar a dez minutos do aeroporto, ele tira proveito disso nos preços e cobrando pelas coisas mais absurdas de se cobrar. A jacuzzi custa 80 rands (cerca de dez dólares) por meia hora e o acesso à rede de internet fica a um rand por minuto. Apesar disso, passar o dia aqui descansando foi uma boa escolha. O lugar é cheio de decoração africana. As portas de madeira são entalhadas com figuras dos cinco maiores mamíferos – a do nosso quarto tem um elefante. Cabeças de antílopes entalhadas estão espalhadas por todas as áreas comuns. E é sempre bom ter alguma comodidade antes de alguém se fechar no meio do mato por seis meses.

Conhecemos o lugar por causa do Zé, um DI (Development Instructor, como se chamam os voluntários na África) que veio pra Moçambique em Novembro. Aparentemente esse é um destino comum entre os voluntários do IICD. Pouco tempo depois de fazermos nosso check-in, outro DI brasileiro chegou. Ele esteve na Namíbia por seis meses, trabalhando com o TCE para levar informação sobre Aids para a população. Agora está indo para casa, fazendo escala na Argentina, no caminho oposto ao nosso. Talvez daqui seis meses aproximadamente será nossa vez de encontrar DIs rumo aos projetos, enquanto voltamos para casa.

Por ora, estamos prontos para a próxima etapa da jornada até Bilibiza. Amanhã às seis da manhã saímos do hotel e vamos à estação pegar um ônibus até Maputo. Serão cerca de oito longas horas de viagem, mas para quem já foi para Ohio de ônibus, não vai ser tão complicado assim. E lá vamos nós a Moçambique!

Finalmente África (Parte I)

O próximo passo da viagem foi o vôo até Joanesburgo, que durou cerca de nove horas bem desconfortáveis. A poltrona era dura, o avião era barulhento e era difícil de enxergar a televisão. Quando conseguíamos enxergar, passava um filme bem ruim (Post Grad) ou algum documentário que parecia estar na tela só para fazer todo mundo cair no sono. Isso não seria tão ruim se o sono em si não fosse interrompido pelas inúmeras turbulências durante a madrugada.

A maioria dos outros passageiros parecia bem mais familiar com essas coisas. Pelo menos foi isso que deduzi depois de ver duas em cada três pessoas pedir bebida alcoólica logo no começo do trajeto.

Tanto era o cansaço de passar a noite acordada de terça para quarta, aumentado pelo vôo até Buenos Aires e potencializado por toda espera no aeroporto, que acabei dormindo. Foi difícil abrir os olhos quando acordaram a gente de novo para o café às duas da manhã no horário brasileiro. Olhos pesados, ovo mexido aguado, lingüiça e champignon. Mistura ruim.

Olhei pela janela e, ao invés de ver o oceano irritante que me acompanhava durante o resto da viagem, encontrei terra. Uma terra que mesmo a mais de dez mil metros de altura já parecia estranha, diferente, misteriosa. Impossível descrever os desenhos que o relevo acidentado fazia, as cores quentes e alaranjadas do chão. Depois veio um mar de nuvem, como se tivesse nevado no céu ou se estivéssemos voando sobre uma banheira de espuma gigante.

Em terra firme, o aeroporto de Joanesburgo já está pronto para a Copa do Mundo, com muitos cartazes e muita decoração. Aliás, a cidade toda está assim, de braços abertos para os turistas chegando em junho. E quem vier deve encontrar um povo que até supera o brasileiro no quesito hospitalidade.

Ganhei um visto para três meses da imigração do aeroporto, pegamos nossa bagagem e fomos atrás do motorista do hotel que deveria estar com uma placa escrito “Mr. Fernandes” nos esperando. Nada. Rodamos três vezes o saguão de saída dos passageiros, lemos cada uma das vinte placas presentes. Nada.

Até que uma senhora, escutando a gente em português, nos ofereceu ajuda. Seu nome era Laura, portuguesa, vivia em Moçambique até mudar para África do Sul em 1976, coincidentemente o ano em que o país se libertou das redes da colonização de Portugal e se deu início a guerra civil. Ela ofereceu seu celular, ligou para o hotel por nós e comprou nosso dólar. Pois é, nos rendemos ao mercado negro logo na nossa primeira hora no continente.

Um dólar comprou 7,65 rands, a moeda nacional. E agora entendo como é o bom estar com dólar em um país de moeda enfraquecida: tudo fica absurdamente barato. A McOferta do Big Mac, por exemplo, custa menos de quatro dólares aqui. E indo ao mercado local, tivemos impulsos consumistas quase incontroláveis quando vimos máscaras entalhadas em madeira, colheres de pau trabalhadas super baratas e sendo vendidas por pessoas que não tinham muita noção de como o trabalho delas é bom. Ou seja, voltaremos com uma mala a mais só de tralhas. Acho que aqueles que esperavam lembrancinhas dos EUA e se decepcionaram vão ser compensados em agosto.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Bons ares


Trocadilho infame a parte, estamos muito bem a cá com nossos hermanos. A viagem foi tranquila, embora com uma turbulência bizarra no final e um atraso entediante no início. O destaque fica para o Airbus da TAM que em tempos de carnaval teria levado nota dez no quesito fantasia. O avião estava todo coberto por assinaturas de seus funcionários que assinaram "embaixo da TAM" na campanha publicitária de 2007. O avião faz lembrar um gesso gigante coberto por assinaturas, como aqueles que assinamos quando alguém sofre uma fratura.


Outro destaque fica para o meu chapéu australiano emprestado pelo pai do Rafa. A minha fantasia fez com que o responsável pelos atendentes do vôo da cia aérea australiana me parasse para perguntar se meu destino era a Australia. Enfim, logo em seguida passeamos pelo terminal do aeroporto (estamos seguindo "O Terminal" life style) e eu comprei uma filmadora de bolso da sony para não me arrepender depois. Agora (quem sabe) poderei postar videos no blog de nossa aventura. Agradecimentos especiais à Dona Tânia, minha mãe, grande patrocinadora da causa.

Após o excelente almoço tipicamente argentino com direito a chorizo e papas españlas estou descansando e esperando o embarque para a África do Sul às 18:15 horário de Buenos Aires.

Ah! Já possuímos nossas passagens de ônibus para Maputo. E a fotinho do início é em São Paulo antes do embarque.


terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Antes de partir

A ideia não era voltar ao Brasil antes de embarcar à Moçambique quando chegamos aos Estados Unidos. Seis meses cercados de pessoas desconhecidas, com culturas diferentes e a falta de semelhantes nos fez mudar. Ainda bem.

Durante essas três semanas em nossas casas, pudemos além de matar um pouco a saudade receber o apoio de parentes e amigos, fosse com palavras encorajadoras, um abraço e um carinho, acessórios úteis para nossa estadia na África ou doações para tornar possível a reforma da escolinha de Bilibiza e a implementação de novas atividades de geração de renda junto às famílias. Por tudo isso, só temos a agradecer a todos.

Agora de malas prontas, estou me esforçando para decorar meu itinerário de dois dias antes de chegar a Maputo, para só após uma semana, ir rumo a Cabo Delgado.

A primeira parte da jornada é um voo de quase três horas de São Paulo a Buenos Aires, onde ficaremos oito (!!!!!) horas esperando para pegar o próximo avião a Joanesburgo, África do Sul. Nove horas e meia mais tarde, devemos desembarcar já em terras africanas. De lá, vamos a um hotel, o Africa Centre, que vai mandar um motorista nos buscar no aeroporto. No dia seguinte, acordamos às 6 da manhã e vamos à estação de ônibus pegar nossa carona até Maputo. A viagem deve durar umas oito horas, pegamos um táxi e chegamos na sede da Humana People to People do país.

Cansa só de pensar nisso tudo. Mandaremos notícias no meio do caminho. Desejem-nos sorte!