quarta-feira, 7 de julho de 2010

Cooperativa e cisternas

Voltei. Depois de um grande período de inatividade neste blog eu voltei com boas novas, nem eu acredito que enfim conseguimos avançar.

Enfim, nosso grupo clandestino (4 alunos que estão trabalhando em segredo conosco para
implementar alguns projetos na comunidade) estão trabalhando bem, só que ainda são muito perdidinhos, como era de se esperar. Mesmo assim eles estão aprendendo rápido e estão muito participativos, o que nos motiva também.

O mais legal, porém, é que ontem conversamos prolongadamente com a Chefe do Posto Administrativo de Changalane, a prefeita, e traçamos planos e metas, e algumas ideias a desenvolver.

O encontro só foi possível agora porque ela tirou férias de um mês e voltou na segunda. Como nos falta apenas um mês de África, nós decidimos chutar o pau da barraca e fazer tudo contra a vontade da direção do nosso projeto sem temer qualquer tipo de retaliação (como uma transferência para um outro estado).

A conversa com Dona Ivone, chefe do posto, girou em torno de alguns projetos, mas principalmente a de produção de tijolos. A própria já começou certa vez essa produção, porém a falta de profissionalismo das pessoas impediram o projeto de avançar. Segundo a chefe, toda vez que aparecia alguém e oferecia uma miséria pra pessoa fazer um serviço, a pessoa largava o trabalho e ia trabalhar para um outro. Consequentemente a produção parava por diversas vezes e as encomendas raramente eram entregues. Com o passar do tempo ela conseguiu solucionar o problema, mas ainda não conseguiu reativar o projeto.

Ela mostrou que sem um subsídio, a pessoa sempre iria parar de trabalhar na produção dos tijolos para fazer outra coisa, então ela deveria ser remunerada no início independentemente da produção para não se sentir tentada a fazer outras coisas.

A ideia do subsídio não nos atraiu, mas sabíamos que algum incentivo devia se estabelecido para que essas pessoas trabalhassem de verdade. A solução então veio de uma ideia que tivemos no evento do post abaixo.

Em Changalane um dos maiores problemas, senão o maior, é a falta d’água. Nessa época do ano a falta de chuvas machuca demais a população. Como ela não tem capacidade de armazenamento da água das raríssimas chuvas que caem ou armazenar a água do rio que se localiza a vinte minutos de caminhada, muitas famílias ficam sem água ou com poucos baldes para tudo. O que acontece é que a água em que a criança toma banho é utilizada pra cozinhar e assim por diante, levando a uma situação de higiene precária. Logo, a nossa ideia é construir cisternas familiares com a produção de tijolo local.

As cisternas são bastante simples de se fazerem, para se fazer uma necessita-se de 400 tijolos em média, 2 sacos de cimento e arames. Essa cisterna suporta um volume de mais de 220 litros. O que faremos será recomeçar o projeto de tijolos e ao invés de pagar um subsídio aos trabalhadores para trabalhar, nós encomendaremos tijolos para em seguida construir cisternas nos locais mais apropriados da cidade. Idealmente uma cisterna seria utilizada por uma família. O custo da cisterna ficaria aproximadamente 140 reais.

O projeto de artesanato também será executado, a diferença é que o de bordados também será ensinado a meninas com mais de doze anos e o de móveis de palha está tendo seu orçamento revisto para ser aprovado ou não. Os custos ainda são um pouquinho altos para nós e é uma atividade de “exportação” que não atenderá as demandas da comunidade, visto que os produtos possuem um preço final muito acima do poder de compra local.

Hoje finalizaremos o orçamento, especialmente para a construção de cada cisterna e mais tarde posto um novo texto sobre o assunto com previsões para o início das atividades e algumas outras informações.

Abs a todos e saudades,
Gabriel

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