quinta-feira, 1 de julho de 2010

Muito tempo depois...

Uma internet muito ruim, um pouco de desânimo, um pouco de preguiça, um pouco de estagnação. Fiquei muito tempo sem aparecer por aqui, mesmo tendo prometido a mim mesma e aos amigos e familiares no Brasil que isso não aconteceria.

Pra ser sincera, toda a história de desencontros e desentendimentos com a diretora imbecil do projeto nos abateu um pouco. Tiramos férias de uma semana, fomos à Copa do Mundo e voltamos com um pique diferente.

Resolvemos fazer as coisas às escondidas mesmo e realizar nosso projeto de atividades comunitárias com os alunos mesmo sem ter o apoio da direção. Conversamos com eles e explicamos toda a situação, a impossibilidade de diálogo e menos ainda de encontrarmos uma solução que satisfizesse ambas as partes – conversar com aquela dinamarquesa é como tentar convencer uma parede branca e mudar de cor para azul celeste.

Estávamos animados com a ideia de conversar com os alunos e confiantes de que eles topariam fazer os projetos em horas vagas. Porém, esquecemos um detalhe básico: o medo que eles nutrem em relação à direção. Como resposta aos nossos planos, recebemos apoio total, mas ninguém parecia querer se arriscar e a palavra final foi de que ninguém faria parte do projeto sem o aval da diretora.

Dez minutos mais tarde, uma aluna procurou o Gabriel e o levou para uma sala de aula, onde mais dois estudantes esperavam. Um quarto aluno chegou ainda antes de eles apresentarem suas idéias de projetos de geração de renda para implementar com as comunidades. Nós tínhamos um grupo de “clandestinos” que aceitaram nossa proposta.

Ontem à noite, realizamos nossa segunda reunião escondida com eles e começamos a montar um orçamento para um projeto a ser implementado – inicialmente, eram dois, mas um deles se mostrou economicamente inviável e insustentável. Aquele aprovado por nós é a criação de uma cooperativa de artesanato com duas atividades principais. Uma é voltada às mulheres, prevendo a produção de peças bordadas. A outra é para homens, que devem produzir mobílias de palha – muito bonitas, baratas de se fazer e vendidas com cerca de 150% de lucro.

Com essas ideias simples, poderemos ajudar 11 famílias pelo menos, já que haverá dez membros na cooperativa, mais um mestre para ensinar os afazeres. E a parte boa é que esse projeto é de fácil implementação uma vez que os materiais necessários já estiverem comprados. E a partir daí, poderemos partir para outras atividades com esses mesmos alunos.

Domingo devemos ter uma reunião com a líder do posto administrativo de Changalane para discutir as ideias e receber sugestões.

Mudando um pouco de assunto, temos duas novas turmas de Combatentes para trabalhar aqui. Os alunos de 2008 voltaram do trabalho de campo, com exceção dos primeiros quatro que conhecemos em Cabo Delgado, que ainda estão no ônibus a caminho atravessando o país. Além deles, a turma de 2010 chegou segunda-feira à escola e começam as aulas na próxima semana. Vai ser interessante, especialmente porque os alunos de 2008 são bem enérgicos e impacientes com as sacanagens que a direção apronta com eles.

Em relação à turma nova, ainda tivemos pouco contato, mas já começamos a dar aulas sobre o papel dos combatentes na comunidade, definições de pobreza e as conseqüências dela para o indivíduo e a sociedade. Além disso, teremos um clube de filmes semanal para debatermos temas diversos. O primeiro filme vai ser “Quem quer ser um milionário”, por motivos óbvios.

Ao mesmo tempo em que isso tudo acontece, a saudade de casa vai aumentando e a contagem regressiva já começou. Pretendemos viajar uma semana mais ou menos antes de voltar, então temos cerca de um mês restando aqui no projeto em si. Em breve, escrevo sobre a Copa do Mundo, posto fotos do estádio e da turma de combatentes de 2009 no último dia de ano letivo e informo sobre o andamento do projeto clandestino.

Nenhum comentário:

Postar um comentário