quarta-feira, 21 de abril de 2010

Ladies and gentlemen, The Beatles!

Os primeiros acordes de John e George começaram junto com a letra da canção de Paul sobre “Olá”, “Adeus”. Eles mal ressoaram pela sala e os olhos que acompanhavam as palavras em língua desconhecida no papel já levantaram e olharam espantados para o computador, a fonte daquele som diferente, vivo, novo para eles, mas tão antigo para mim.

Mais alguns versos e muitos já começaram a balançar o corpo, se deixando guiar pela levada fácil. E na segunda vez que o refrão tocou, algumas vozes já arriscavam cantar junto, cativadas pela música, mesmo sem conhecerem direito a melodia ainda ou a pronúncia das palavras.

É quase desnecessário dizer que pediram para que a canção fosse repetida para aprenderem melhor as palavras, o ritmo. E dessa vez, as vozes já soavam mais confiantes, altas, agudas, felizes. “Agora vamos cantar sem o computador. Só nós”. 1,2,3...Eu digo sim, você diz não e adeus.

Eram as vozes que tanto cantam as músicas tradicionais e ritualísticas em línguas locais diferentes se unindo, em inglês, para cantar uma das composições eternizadas desse quarteto britânico. E a mistura foi linda, algo que essa branca ocidental, mulungo, muzungo, kunha, não saberia nunca descrever.

Eu não me lembro quando fui apresentada aos Beatles. Afinal, eles sempre estiveram lá, muito antes de eu sequer pensar em nascer. Mas eu tenho certeza que nunca vou esquecer as expressões de surpresa e de alegria nos rostos desses angolanos e moçambicanos quando escutaram Beatles pela primeira vez na vida. Essas expressões que já funcionam como se fossem minhas.

Ps: Quando planejei dar Beatles na aula de inglês, era para começar com os alunos me falando o que sabiam sobre a banda. Dá pra imaginar minha cara quando só obtive silêncio ao perguntar “Alguém conhece Beatles aqui?”

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