quarta-feira, 3 de março de 2010

Primeiras saudades

Ainda inconsciente, presa naquele mundo que fica perdido entre o sono, o sonho e o despertar, ouvi o barulho da chuva lá fora. Era reconfortante sentir a brisa entrando no quarto pela janela aberta, a brisa que refrescava com a chuva fina e fraca a cair.

No escuro dos olhos fechados, chegavam os ruídos de gente conversando, os vestígios de uma conversa que se passava a alguns metros de mim. Sem entender o que diziam ou mesmo qual língua usavam, essas pessoas me confortaram por alguns segundos.

Aconteceu que, no limbo existente entre o dormir e o acordar, minha mente masoquista pregou uma peça em si mesma: ela se fez crer que era outro lugar. Outra cama, outro quarto, outra cidade, outro estado, outro país, outro continente. Era minha casa ao meu redor.

Eu estava em casa. Eu estive em casa por alguns breves segundos. Estranhando instintivamente, sem nem saber o motivo, resolvi abrir os olhos para checar.

Então lembrei.

Eu mal cheguei; eu nem cheguei, na verdade. A hora de ir embora está longe.

Virei de lado e abracei meu único elo entre casa e aqui, entre esses dois mundos tão distintos e tão parecidos em alguns momentos. Fechei os olhos e lá fora a conversa se fez nítida. E embalada pelo sotaque não-brasileiro nítido, voltei a dormir.

Obs: Só depois de terminar o texto, percebi que escutava uma música chamada “Not at Home”.

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